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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Richard Wetz - Requiem (1920)


C. N.


O alemão Richard Wetz (1875-1935) é autor de três belas sinfonias, influídas todas pela música bruckneriana – e vai-se vendo cada vez mais que Bruckner é o verdadeiro pai não da sinfonia moderna, mas da grande sinfonia moderna (Mahler, Melartin, Schmidt, Wetz, Rott...). Falarei também das peças de Wetz na série sobre A Sinfonia. Por ora, fique-se com seu Requiem, de veia sinfônica.


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Música japonesa com grandes instrumentistas


C. N.

Recomendo vivamente estes dois CDs: Japanese Folk Melodies, com Jean-Pierre Rampal na flauta, e Sakura-Japanese Melodies for Flute and Harp, com Rampal e Laskine. Conheço um pai que fundou a educação musical de seu filho, desde a mais tenra idade, em Mozart e nestes dois CDs – e afianço que com resultados magníficos.
Mas para todos são uma rara oportunidade de conhecer a bela música nipônica. E nunca é demasiado lembrar que do Japão nos vieram grandíssimas formas artísticas e grandíssimos artistas: por exemplo, o haicai (ainda que nem sempre por seu fundo), e, no cinema, o Kurosawa de Céu e Inferno e de Derzu Uzala e, sobretudo, Yasujirō Ozu, cuja cinematografia, à parte as limitações próprias da origem, é a mais pura poesia do familiar e do doméstico. É obra sem similar, e conseguiu fazer até que, sob sua influência, o entediante e confuso Wim Wenders realizasse seu único filme com alguma vida (Paris, Texas).
Mas este é assunto para outro espaço, em que me ocuparei do cinema. Por ora, fiquem com estas pérolas: 

Moon Over the Ruined Castle 

Sakura 

Symphony No.3 in F-major, Op.40 (1907), de Erkki Melartin, um dos maiores sinfonistas

C. N.

Só a ditadura da cacofonia instaurada no século XX – ditadura para a qual contribuíram a ganância da indústria da música e o esnobismo fátuo do público – é capaz de explicar como podem ter caído no esquecimento compositores como Erkki Melartin (Finlândia, 1875-1937). Esse homem de saúde delicada e de gênio, é autor de grande quantidade de peças musicais, das mais variadas formas. Mas é especialmente grande sinfonista, o que acabo de descobrir. Por isso mesmo, na série sobre A Sinfonia tratarei uma a uma também as suas seis. Deixo-lhes porém desde já uma que está entre suas maiores, a terceira, digna de contar-se entre as de Bruckner, as de Mahler, as de Schmidt; e desprezem a pintura que se estampa no Youtube: não tem nada que ver com a obra.
Observação. Contemporâneo e conterrâneo de Jean Sibelius (1865-1957) – que sempre escutou com lágrimas nos olhos as sinfonias de Bruckner, para ele o maior compositor de todos os tempos –, a obra do Melartin sinfonista tem influência múltipla: Bruckner, Mahler, o mesmo Sibelius, etc. Mas não se trata de epígono: é artista de voo próprio, e sua obra, como a de todos os grandes artistas, mescla suas influências numa síntese de todo particular.


domingo, 16 de novembro de 2014

Angela Hewitt: Chromatic Fantasy & Fugue in D Minor, BWV 903 (J. S. Bach)

Em nossa opinião, Angela Hewitt só não se equipara a Glenn Gould entre os pianistas que tocam Bach. Ela estará no Brasil, no ano que vem, para interpretar A Arte da Fuga. E recomendo-lhes a entrevista que dá ao último número da revista Concerto, na qual defende brilhantemente o uso superior do piano para a música de Bach e explica seus pontos de vista com respeito à complexa A Arte da Fuga. Por ora, deleitemo-nos com sua versão de Fantasia Cromática e Fuga.   

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O Haydn Sinfonista


Haydn Sinfonista

C. N.

O austríaco Franz Joseph Haydn (1732-1809) é um dos dois principais compositores[1] do Classicismo (o estilo que medeia entre o Barroco e o Romantismo), além de ser o inventor da sinfonia moderna.
Compôs 104 sinfonias numeradas, e outras duas.[2] Muitas se tornaram conhecidas por seu apelido: por exemplo, a Nº. 73 em Ré Maior (“A Caça”); a Nº. 85 em Si Bemol Maior (“A Rainha”); a Nº. 92 em Sol Maior (“Oxford”); a Nº. 101 em Ré Menor (“The Clock”). Tais apelidos recordam alguma impressão deixada por tais obras, ou alguma circunstância de sua primeira execução, etc.
As primeiras datam de 1760. No entanto, conquanto seja o inventor desta grandiosa forma musical moderna, suas primeiras sinfonias e tantas outras não merecem figurar entre o melhor da arte sinfônica. São como exercícios para o que viria, e padecem não raro da superficialidade que caracterizou parte da produção classicista. Eram, se tal se pode dizer, peças aristocráticas tão delicadas como uma porcelana de Sèvres, tão bordadas como um móvel Luís XV – ad nauseam –, e repletas tanto de alusões folclóricas e espirituosas como de leve melancolia. São de um rococó après la lettre
Mas na segunda fase da vida e da produção de Haydn o desenho de suas sinfonias começa a ampliar-se; sua construção e sua orquestração tornam-se mais complexas; o que se expressa faz-se mais profundo – por vezes, muito mais profundo. E, como atesta a quase unanimidade dos estudiosos, sem dúvida alguma as mais importantes sinfonias haydnianas são as doze (da 93 à 104) compostas para concertos em Londres, e chamadas por isso mesmo “londrinas”.[3] Passemos a descrevê-las sucintamente, mas de modo que contribua um pouco para uma boa audição sua.[4]

sábado, 25 de outubro de 2014

Polifonia: onde, quando, como e por quê?


Nota do editor do blog: João Ganzarolli é um estudioso das artes, e publicará em 2015, pela Editora da UFRJ, o livro Uma história da música polifônica: vozes medievais que iluminaram o Ocidente, com prefácio de Dom Félix Ferrá e orelha de Marcelo Coutinho. O artigo que aqui se publica foi-nos generosamente enviado pelo mesmo João Ganzarolli, a quem o agradecemos.

* * *

POLIFONIA
onde, quando, como e por quê?§

João Vicente Ganzarolli de Oliveira
Professor do Centro de Tecnologia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro

A última palavra ainda não foi dita e talvez nunca o seja quanto às origens da polifonia litúrgica ocidental. As incertezas são muitas quando nos perguntamos pelo onde, o quando, o como e o porquê de os clérigos da Idade Média terem começado a misturar melodias dentro do mesmo intervalo de tempo. Sabe-se que ela veio do Leste e já existia na Cristandade oriental do século IV (possivelmente até entre os gregos antigos, conforme certas indicações de Aristóteles, Aristoxeno e outros gigantes do paganismo helênico permitem supor); mas carecemos da exatidão geográfica: Constantinopla, Alexandria e a longínqua Geórgia são pontos prováveis dessa irradiação. Tampouco se pode afirmar com segurança onde essas luzes brilharam pela primeira vez: Milão, Roma e Metz disputam a primazia.
É incontestável que Jesus e São Paulo cantavam, e que, para os primeiros cristãos, cantar e rezar era o mesmo (cf. At 16,25; Ef 5,19; Col 3,16; Mt 26,30; e 1 Cor 10: 17). É uma identidade que tem raízes mais profundas, e que vemos reiterada pelo neoplatônico egípcio Plotino (séc. III d.C.), autor do sistema filosófico mais espiritualizante de toda a Antiguidade (cf. Porfírio. Vita Plotini, I, 1). Datam do século IX os tratados Musica enchiriadis e o Scolica enchiriadis, nos quais se encontram as mais antigas partituras de música polifônica ocidental. É nítido que eles se completam, mas permanecem dúvidas quanto à sua autoria (Ubaldo de Saint-Amand [c.840-930], Santo Odo de Cluny [878-942], outros sábios carolíngios?); não sabemos nem mesmo se foram escritos pelo mesmo autor ou se houve parceria na composição de um deles ou de ambos.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A Sinfonia


Jospeh Haydn compôs 104 sinfonias e é o inventor da sinfonia moderna.

C. N.


Origens e invenção

I. Comecemos por dar o étimo da palavra sinfonia: o lat. symphonìa, ae (ou seja, “harmonia de sons; grupo de músicos, de cantores, orquestra; depois, certo instrumento musical [viela ou sanfona, ancestral dos instrumentos de corda])” < gr. symphonía, as (ou seja, “concerto de várias vozes, ou de diversos instrumentos, concerto instrumental”). Entre o latim e o português, provavelmente serviu de intermediário o fr. symphonie, ou melhor, siphonie (entre 1120 e 1150).
II. Entre o fim do Renascimento e o início do Barroco, sinfonia era outro nome quer de canzona, quer de fantasia, quer de ricercar ou ricercarta, formas afins à tradição polifônica. Algum tempo depois, já em pleno Barroco, passou a denominar ou a sonata trio, ou certa sorte de sonata para numerosos instrumentos, ou ainda, depois, certo prelúdio de peças instrumentais.
III. Por outro lado, do século XVII ao XVIII, passou a chamar-se sinfonia a qualquer prelúdio, a qualquer interlúdio ou a qualquer poslúdio instrumentais de oratório ou de ópera, ou seja, quaisquer seções que contrastassem com as majoritárias seções vocais.
IV. Uma de tais seções instrumentais era a sinfonia em três movimentos de abertura da ópera italiana, o mais das vezes composta em ré maior para potencializar o efeito de júbilo entre o naipe de cordas. Os dois movimentos extremos eram de andamento rápido, e o central de andamento lento, como nas óperas de Alessandro Scarlatti (1660-1725).
V. Por outro lado, na França, a ouverture – isto é, a abertura francesa – era muito distinta da abertura italiana, e em certo sentido lhe era o oposto. Composta de um só movimento em a-b-a, contava com extremos de andamento lento e seção intermediária de andamento algo mais rápido. Esta foi a forma de abertura preferida de Georg Friedrich Händel (1685-1759), que porém a adaptou segundo seu gênio próprio.[1] Com efeito, a maioria das óperas e dos oratórios de Händel começa com uma ouverture, a que ele por vezes, porém, chama sinfonia – Sinfony –, como n’O Messias. Não obstante, Händel também empregou o prelúdio e o interlúdio orquestrais ao modo italiano; é o caso da Introduzione de Delirio amoroso, HWV 99.
VI. Enquanto isso, a sinfonia em estilo italiano, com três movimentos, começa a assemelhar-se ao concerto, ainda que, ao contrário deste, não conte com solista. Assim, por exemplo, em Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741), cujas sinfonias-prelúdio de ópera efetivamente se aproximam de seus concertos.
VII. O caso de Johann Sebastian Bach (1685-1750) é mais complexo. Por vezes, valeu-se do nome sinfonia à antiga, ou seja, para denominar peças instrumentais de um só movimento, como as Invenções, BWV 787-801, polifônicas a três partes ou vozes (instrumentais). Por outro lado, se uma obra vocal sua começava com um ou mais movimentos instrumentais independentes, chamava-a ou sinfonia ou sonata, e compunha-a antes em estilo italiano que em estilo francês. Exemplos: a Sinfonia que abre duas de suas cantatas seculares (Non sa che sia dolore, BWV 209, e Mer Hahn en neue Obekeet, BWV 212) e a de abertura (seguida de adágio) do Oratório da Páscoa, BWV 249.
VIII. Ao longo século XVIII, todavia, por um lado, abertura foi-se firmando como o nome próprio do prelúdio instrumental de obra vocal ou operística, o qual, por sua vez, se firmava como forma antes assemelhada à abertura italiana, mas com caracteres próprios: motivo condutor, reexposição antecedida de algum desenvolvimento temático, clima de expectativa, ou seja, de irresolução. Mas, por outro, firmou-se a sinfonia italiana em três movimentos como composição orquestral independente, de que são exemplos as primeiras sinfonias de Joseph Haydn (1732-1809) e de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791).[2]
IX. Sucede, porém, que o mesmo Haydn fez que a sinfonia italiana independente (a de concerto) e a abertura ou suíte ao modo francês se reencontrassem, para mesclá-las: aos três movimentos da sinfonia agregou um quarto, como terceiro movimento. Era o minueto, até então movimento próprio de suíte. Valeu-se, ademais, da forma sonata[3] de então (o que implicava, por exemplo, a possibilidade de começar em andamento lento o primeiro dos quatro movimentos da nova forma sinfônica).
Nascia a sinfonia moderna, a potencialmente mais bela e mais profunda das formas musicais não religiosas.




[1] Mas ouverture também passou a denominar o movimento introdutório de qualquer suíte, ou a mesma suíte, como é o caso das Aberturas em Estilo Francês ou Suítes Francesas, BWV 831, de Johann Sebastian Bach.
[2] Mozart também compôs divertimentos nos moldes da sinfonia italiana.
[3] Forma musical constituída de exposição, de desenvolvimento e de recapitulação, empregada a partir de Haydn no primeiro movimento não só de sonatas e de concertos, mas também de sinfonias. Também se diz sonata forma.

Beethoven - Wellington's Victory - With Cannons & Muskets - Doráti





Esta peça, como em parte a Sinfonia n. 6 do mesmo Beethoven, é da classe mais radical de música programática: atente-se à imitação do som de armas que se chocam, assim como naquela sinfonia se ouve o gorjeio de pássaros. Não há nada disto, porém, na peça de Byrd. 

OBSERVAÇÃO: Antal Doráti é um grande maestro.

Grandes Compositores Ingleses - XII - William Byrd - The Battell

Magnífico.

Com o Philip Jones Brass Ensemble.
Regente: Elgar Howarth.

Quadro: 
Gustav II Adolf dies at Lützen, de Carl Wahlbom. 




Original titles: 00:00 The marche before the Battell 03:05 The souldiers sommons 03:59 The marche of footemen 04:38 The marche of horsmen 05:20 The trumpetts 06:23 The Irishe marche 07:21 The bagpipe and the drone 08:41 The flute and the droome 10:56 The marche to the fighte 12:13 (the battels be joyned) 12:51 The retreat 14:59 The buriing of the dead 16:44 The morris 17:29 Ye souliers dance 18:09 The morris (rep.) 18:46 The Galliarde for the Victorie 20:10 The marche before the Battell (rep.).

Grandes Compositores Ingleses - XI - William Byrd - Sellinger's Round (por Glenn Gould)

Grandes Compositores Ingleses - X - William Byrd - Six Pavan and Galliard (por Glenn Gould)

Grandes Compositores Ingleses - IX - William Byrd - First Pavan and Galliard (por Glenn Gould)

Grandes Compositores Ingleses - VIII - William Byrd - Ave Verum Corpus

Grandes Compositores Ingleses - VII - William Byrd - The Bells (organ version)

Grandes Compositores Ingleses - VI - William Byrd - Mass for Five Voices


https://www.youtube.com/watch?v=4ZSB0WTyIrg

Grandes Compositores Ingleses - V - William Byrd (1540 ou 1543-1623) - Mass for 4 Voices

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Arvo Pärt cria música dedicada aos videntes de Fátima


LUSA 

12/10/2014 - 21:02

Depois de uma visita ao santuário de Fátima, em 2012, o compositor estónio surpreendeu as autoridades religiosas com o manuscrito de Drei Hirtenkinder aus Fatima – Os Três Pastorinhos de Fátima


Arvo Pärt, um dos maiores compositores da actualidade, criou uma peça musical dedicada aos videntes de Fátima cujo concerto de estreia deverá ocorrer na Sé de Lisboa a 20 de Fevereiro de 2015, dia da festa litúrgica dos beatos.
Segundo o jornal Voz da Fátima, publicado pelo santuário, o compositor, nascido em 1935, esteve no templo em Maio de 2012, a convite da instituição e no âmbito das comemorações do centenário dos acontecimentos de Fátima, tendo sido depois desafiado a apresentar um testemunho sobre a visita, para publicação na revista cultural Fátima XXI, o mais recente projecto editorial do Santuário de Fátima.
"Arvo Pärt surpreendeu e fez chegar ao santuário o manuscrito de uma composição musical, datada de 19 de Maio de 2014, dedicada aos pastorinhos e intitulada Drei Hirtenkinder aus Fatima – Os Três Pastorinhos de Fátima", lê-se no jornal Voz da Fátima, referindo que se trata "de uma breve peça para coro misto a cappella" composta sobre um texto bíblico e publicada na edição de Outubro da Fátima XXI.
Citado no jornal do santuário, o produtor executivo da programação musical para o Centenário das Aparições, Manuel Lourenço Silva, realça a importância deste autor no panorama musical mundial, referindo que "integra aquilo a que se chama Holy Minimalism, embora qualquer rótulo que se lhe queira atribuir pareça inexacto ou parcial tendo em conta o seu percurso evolutivo e a abrangência das suas obras".
"Utilizando frequentemente a técnica tintinnabuli [pequenos sinos], formulada e nomeada pelo próprio Pärt, a sua música é marcada por uma profunda espiritualidade", refere Manuel Lourenço Silva. Considerando que "a mensagem de Fátima sai enriquecida com este contributo", o responsável adianta que "o nome de Fátima ficará registado no catálogo de obras de um dos maiores compositores de sempre". Por outro lado, "o título e o texto escolhidos para a composição musical que dedicou aos pastorinhos destacam a importância das vozes das crianças enquanto mensageiras", acrescenta.
Arvo Pärt é um dos mais destacados compositores de música sacra, fortemente alicerçado na tradição gregoriana, depois de a expressão neoclássica ter marcado o início do seu percurso. A viragem deu-se no início da década de 1970, com a exploração da chamada técnica de "tintinnabuli" (pequenos sinos) – pequenas frases musicais ou "módulos" que Pärt sobrepõe ou contrapõe em estruturas complexas que ganham em transparência e hipnotismo.
Tábula rasa, Fratres, Missa Silábica, Kanon Pokajanen e Passio, sobre o Evangelho segundo São João, contam-se entre as obras mais conhecidas deste compositor.

[http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/compositor-estonio-arvo-part-cria-musica-dedicada-aos-videntes-1672689]

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

“Prélude, Choral et Fugue”, de César Franck


C. N.

O organista de igreja e compositor belga César Franck (Liège, 10 de dezembro de 1822-Paris, 8 de novembro de 1890) é dono de um repertório razoavelmente vasto, mas desigual. Infelizmente é mais conhecido pelo meloso Panis Angelicus, de sua por outro lado bela Messe à trois voix, op. 12. Seus pontos altos, porém, são altíssimos, em especial as peças para órgão (aquiaquiaqui), às quais aplicou com grande felicidade sua reinvenção da forma cíclica (uma extensão da forma sonata de dois temas); a Sonate pour violon [violino] et piano en la majeur; e, ainda mais especialmente, o Prélude, Choral et Fugue, um dos ápices da música para piano solo. (Muitos consideram o poema sinfônico Les Béatitudes sua obra máxima; confesso, todavia, que ao menos até agora não posso senão discrepar dessa consideração.)
Recomendo vivamente o Prélude, Choral et Fugue na interpretação magnífica de Jorge Bolet. Nesta homenagem a Bach (com ecos distantes de Beethoven), a forma cíclica atinge o apogeu, especialmente pela recapitulação na Fuga dos temas do Prelúdio e do Coral, mas também pelas complexas relações temáticas de que se tece toda a peça. Há porém muito mais de notar, como o impressionante modo cromático, de todo próprio, de que Franck permeia tanto o Coral como a Fuga.  
A peça como um todo é perfeitamente barroca, não fosse Franck um devoto de Bach. Em todo o seu rico e tocante tecido, é como uma constante alternância entre a angústia e a esperança, entre a escuridão e a luz, alternância que acaba por resolver-se pela luz num extático final.
Boa audição.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Abertura de inscrições para a Turma 3 de “Por uma Filosofia Tomista”, curso on-line de Carlos Nougué


Turma 3 de
“Por uma Filosofia Tomista

Curso on-line de 60 horas ministrado por 

Carlos Nougué

 “A felicidade última do homem está na contemplação da Verdade.”
Santo Tomás de Aquino

ABERTURA DAS INSCRIÇÕES PARA O CURSO

1) A partir de hoje, dia 10 de setembro de 2014, estão abertas as inscrições para o curso on-line Por uma Filosofia Tomista, de 60 horas (o equivalente a um curso de extensão universitária).
       2) As inscrições permanecerão abertas e devem fazer-se em nosso site (cursos.carlosnougue.com.br).  

VALOR E FORMAS DE PAGAMENTO

1) Valor total:
a) ou R$ 300,00 em até 6 parcelas sem juros no cartão de crédito;
b) ou R$ 280,16 por pagamento à vista mediante débito on-line ou boleto bancário.
Observação: Ambas as formas de pagamento se farão, em nosso próprio site, mediante o PagSeguro.
2) Ao pagarem, os alunos-subscritores receberão automaticamente uma senha de acesso aos vídeos-aula (regulares e extras) e ao material de estudo.

INÍCIO E DURAÇÃO DO CURSO 

1) O curso se iniciará no dia 15 de setembro próximo, com a postagem do primeiro vídeo.
2) Cada quinta-feira e cada segunda-feira será liberado aos alunos um novo vídeo. Mas os vídeos, depois de liberados, poderão ser vistos a qualquer dia e hora.
3) Os vídeos-aula permanecerão dez meses em nosso site a contar do mesmo dia 15 de setembro.

EMENTA DO CURSO

I) APRESENTAÇÃO GERAL: A necessidade de uma Filosofia tomista.
II) PREÂMBULO 1: Resumo da História da Filosofia – Do impulso grego ao abismo moderno.
III) PREÂMBULO 2: Se Santo Tomás era filósofo e/ou teólogo.
IV) PREÂMBULO 3: A essência da doutrina de Santo Tomás, ou se o tomismo é um aristotelismo.
V) PREÂMBULO 4: Como estudar a Filosofia, e em ordem a quê.
VI) INTRODUÇÃO GERAL À FILOSOFIA
A) AS PRIMEIRAS NOÇÕES
1) O ente e os primeiros princípios; 2) Ente e esse (ser ou ato de ser) – uma primeira aproximação; 3) A quididade das coisas; 4) O essencial e o acidental; 5) Existência e esse – uma primeira aproximação; 6) Substância e acidentes; 7) Semelhanças e diferenças; 8) A questão do an sit; 9) Divisão e definição; 10) Se os acidentes são entes e têm quididade; 11) Se as coisas artificiais têm quididade.
B) A PRIMEIRA OPERAÇÃO DO INTELECTO: A SIMPLES APREENSÃO
C) AS PROPRIEDADES DAS COISAS
D) A SEGUNDA OPERAÇÃO DO INTELECTO: O JUÍZO OU COMPOSIÇÃO
E) AS CAUSAS
F) A TERCEIRA OPERAÇÃO DO INTELECTO: O RACIOCÍNIO
VII) INTRODUÇÃO À LÓGICA:
1) A arte de pensar; 2) O que é a Lógica 3) O sujeito da Lógica; 4) As propriedades da Lógica. 5) O método da Lógica; 6) Lógica e Gramática; 7) Os universais.
VIII) INTRODUÇÃO À FÍSICA GERAL: 1) O que é a natureza; 2) Os princípios da natureza: ato e potência, etc.; 3) O que é a Física geral; 4) O sujeito da Física Geral; 5) Existência e esse – segunda aproximação; 6) As propriedades da Física geral; 7) O método da Física geral; 8) Em defesa da Física Geral aristotélico-tomista; 9) Se e em que caducou esta ciência; 10) Que classe de ciência é a Física moderna; 11) O que pensar da Biologia, da Psicologia, etc., atuais; 10) Uma crítica a Jacques Maritain.
IX) INTRODUÇÃO À METAFÍSICA:
1) Se tal ciência existe ou é válida ou necessária; 2) O sujeito da Metafísica; 3) Ente e esse – segunda aproximação; 4) As propriedades da Metafísica; 5) O método da Metafísica; 6) Diferença entre Teologia (ou Metafísica) e Sacra Teologia, e se elas se opõem; 7) As provas da existência de Deus; 8) O tratado de Deus uno;
X) A ORDEM GERAL DAS CIÊNCIAS E DAS ARTES.
XI) APÊNDICES:
1) Os transcendentais; 2) Se o mal é algo; 3) A alma humana e sua imortalidade; 4) A Política e sua ordem ao Fim último do homem; 5) O mundo poderia ter sido criado ab aeterno (desde a eternidade)?
XII) CONCLUSÃO DO CURSO

OBSERVAÇÃO: Os alunos da Turma 3 do Curso receberão todo o material escrito pelo professor e enviado aos alunos da Turma 1 e 2. São mais de 500 páginas de documentos imprescindíveis para a compreensão do curso e, sobretudo, de respostas a perguntas e dúvidas dos alunos. Mas os alunos da Turma 3 poderão fazer ao professor novas perguntas.

CURRÍCULO DE CARLOS NOUGUÉ

I) Dados pessoais:
Nome: Carlos (Augusto Ancêde) Nougué;
Nacionalidade: brasileira;
Idade: 61 anos.
II) Qualificações profissionais:
1) Professor de Filosofia por diversos lugares;
2) Professor de Tradução e de Língua Portuguesa em nível de Pós-graduação;
3) Tradutor de Filosofia, Teologia e Literatura (do francês, do latim, do espanhol e do inglês);
4) Lexicógrafo.
III) Prêmio e indicações para prêmio:
• Prêmio Jabuti de Tradução/1993;
• Indicação ao Prêmio Jabuti/1998;
• Finalista do Prêmio Jabuti/2005 pela tradução de D. Quixote da Mancha, de Miguel de Cervantes (edição oficial do Quarto Centenário da edição princeps).
IV) Responsável pelos seguintes blogs:

Observação geral: Há em nosso site uma seção chamada Perguntas Mais Frequentes (F.A.Q.), em que cremos responder a todas as possíveis dúvidas a respeito do Curso. Caso, porém, persista alguma dificuldade, escreva-se para Marcel Assunção Barboza (cursos@carlosnougue.com.br).

VÍDEOS DE APRESENTAÇÃO


___________
Uma iniciativa conjunta

Central de Cursos Contemplatio

Associação Cultural Santo Tomás

domingo, 7 de setembro de 2014

Os Piano Trios de Haydn com o Beaux Arts Trio

Além de ter sido o aperfeiçoador do Piano Trio (ou seja, a música composta para piano, violino e violoncelo), Joseph Haydn jamais foi superado neste mesmo gênero; e os nove CDs dos Complete Piano Trios (Die Klaviertrios) do compositor austríaco pelo Beaux Arts Trio tampouco foram superados. Recomendo-os vivamente.

Em tempo: como veremos na série sobre a Sinfonia, Haydn também foi o que mais propriamente se pode dizer o criador desta. 



sábado, 9 de agosto de 2014

“Bach: The Organ Works”, por Helmut Walcha


Helmut Walcha

A obra de Johann Sebastian Bach para órgão é sem igual no gênero. E também sem igual, parece-nos, é a gravação dela por Helmut Walcha (Box set, Collector’s Edition, 12 CDs).

Helmut Walcha nasceu em 1907, em Leipzig, e faleceu em 1991, em Frankfurt. O mais surpreendente deste grande músico é que ficou cego aos 19 anos após receber uma vacina contra a varíola.

Sua integral das peças de Bach para órgão supera em profundidade e gravidade a todas as demais gravações. Damos abaixo um exemplo.