Páginas

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

O Órgão e o Organista


“Deve considerar-se o grande órgão como um instrumento ou como uma orquestra, um conjunto de instrumentos movido por um só indivíduo? Inclinar-nos-íamos felizes pela segunda definição. Em todo caso, é o instrumento polifônico por excelência; representa o poder infinito. Nada lhe é impossível. Se o violino é o rei da orquestra, o órgão deve ser o deus, pois, cada vez que se digna mesclar seus acentos, é para dominá-la, protegê-la ou sustentá-la. Não aparece jamais senão como amo supremo, dominando sempre com serena majestade por sobre as massas sonoras que parecem a partir de então fundir-se sob seus pés. [...] [Os organistas] são, entre todos os virtuosos, aqueles cuja prática exige o máximo de sagacidade e de adequação, assim como a maior quantidade de erudição. O conhecimento profundo do complexo instrumento; seu manejo, que exige uma limpeza de execução de que os pianistas nem têm ideia; o agrupamento dos jogos [dos tubos], que é uma verdadeira orquestração; o estudo especial do teclado de pedais e da rica literatura musical do instrumento não constituem mais que uma pequena parte de seu saber [...]. Assim, se o órgão é realmente o instrumento dos instrumentos, como diz seu nome latino (organa), o organista é também o músico dos músicos: deve possuir, ademais, ciências técnicas, harmonia, contraponto, fuga... a inspiração, o gênio criador das formas musicais e uma presença de espírito especial, sem a qual todo o seu saber estaria condenado à esterilidade” (Albert Lavignac, La música y los músicos, Buenos Aires, El Ateneo, 1948, p. 72 e 81).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.